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Arquitetos: Thirdspace Architecture Studio
- Área: 1200 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Suryan // Dang
Poderia uma estrutura ser ampliada sem causar grandes transtornos ou até mesmo ser tocada? Como o novo pode dialogar com o existente para que a identidade de cada parte seja mantida e sem perder a coerência? Essas foram algumas das muitas perguntas que nos fizemos quando uma renomada instituição educacional de caridade precisou de mais espaço para seus escritórios que ocupavam um edifício de dois andares e mais 50 anos de idade. O edifício existente era um espaço que tinha significado para a memória coletiva da Instituição e mantê-lo foi a melhor opção, dado esse sentimento de historicidade. Os escritórios estavam sempre movimentados e já haviam passado por uma reforma, portanto, qualquer ampliação para cima teria que ser feita de maneira que não perturbasse ou interferisse no funcionamento do escritório. Assim, o desafio foi intervir de forma a que o escritório existente não fosse afetado no seu funcionamento nem os seus interiores danificados por obras estruturais.
Vários contextos - A Artéria da Cidade, O Campus e O Campo Esportivo.
- A Artéria: A proposta exigia respostas múltiplas para os múltiplos contextos. Por um lado, embora fizesse parte de um campus educacional centenário de 40 hectares, o prédio fica em uma importante via arterial na cidade de Belagavi. Qualquer edificação nesta via ocuparia um lugar importante na paisagem da cidade. O briefing exigia que o edifício se estabelecesse como um marco visual nesta importante via da cidade.
- O Campus: O edifício proposto também seria uma das fachadas do campus centenário que marcou o nascimento e o crescimento desta notável organização de caridade. O campus era uma coleção de edifícios construídos ao longo do século passado, vagamente conectados por uma paisagem adaptada. Por causa do número de árvores e da natureza baixa dos edifícios existentes, o campus foi percebido pela cidade mais como uma longa parede perimetral com quase nenhuma visão do interior. Esta foi uma oportunidade para criar uma intervenção significativa que pudesse dar ao campus uma identidade mais forte.
- O Campo Esportivo: O campo esportivo do campus confinava o edifício sede existente e, embora o edifício existente mal pudesse ser visto, a nova intervenção seria uma parte periférica do terreno. Por mais que o edifício tivesse que responder a esses três contextos, o edifício também seria visto a partir desses três pontos de vista.
Estratégia - Após um estudo aprofundado, vislumbrou-se uma resposta ao briefing: o edifício não seria uma mera extensão/extrusão dos pisos inferiores, mas sim uma estrutura que flutuasse sobre o antigo edifício e mal tocando o solo. Esta seria uma estrutura que deveria responder a três contextos separados: a estrada em frente ao local, o campus histórico e o campo esportivo do campus adjacente. A estrutura foi restrita a uma altura de 15 m por causa dos regulamentos do corpo de bombeiros e sua ocupação foi restrita por recuos nas estradas, bem como pelos prédios e terrenos próximos. A construção do prédio teria que acontecer de forma que não atrapalhasse o funcionamento do campus.
Resolução - Estrutura como Espaço: A ampliação proposta foi pensada como um espaço que pudesse pairar sobre o edifício existente de uma maneira que criasse pouca perturbação no nível do solo - Um Espaço Flutuante. De maneira simples, o projeto é um espaço entre duas treliças de borda de altura total. Estas treliças são apoiadas em apenas 8 pilares cilíndricos de concreto reforçado, cuidadosamente posicionados para não criar obstáculos aos usos existentes no térreo. Eles permitiram um espaço interior contínuo e ininterrupto de cerca de 1200 m2. A largura do escritório na parte superior foi restringida pelo contexto existente no local, bem como pelas considerações da luz do dia que penetrava em todo o interior. A extensão deste espaço foi igualmente limitada pelo terreno de um lado e um jardim existente com um memorial de valor histórico do outro. Em fachada da ampliação se apresenta como um L invertido com a parte vertical contendo a circulação e o lobby, enquanto a horizontal flutua sobre o antigo edifício e balanços para o campo esportivo. A circulação vertical que forma o L também ajuda a ancorar visualmente o edifício ao solo de um lado, enquanto permite que ele flutue nos fundos do campo do outro lado. A forma em L do edifício cria um portal de entrada da estrada para o campus que se alinha com a avenida central arborizada ao longo da qual existem várias estruturas patrimoniais. Esses edifícios históricos são emoldurados por esse portal de entrada de altura tripla quando se vê o campus da estrada.
Varanda como uma segunda pele: A caixa simples de espaço de escritório sem colunas é envolvida por uma varanda contínua. Esta varanda é uma interpretação de uma das características onipresentes da arquitetura colonial deste subcontinente. Uma varanda é um espaço social ao mesmo tempo que permite uma multiplicidade de usos, como um dispositivo passivo que protege os interiores da forte chuva e sol subtropical. Esta varanda contínua, neste caso, é um espaço de fuga dos escritórios, bem como um amortecedor climático entre o interior e o exterior. As treliças até o chão, pintadas de vermelho escuro, tornam-se um elemento escultural que define o limite entre o espaço central do escritório e a varanda. Simples portas de correr de alumínio funcionam como um envelope interior permitindo um fácil acesso às varandas. Uma pele de alumínio de malha expandida de aletas verticais operáveis aumenta ainda mais o controle climático e de transparência oferecido pelas varandas que ficam de frente para as fachadas leste e oeste, filtrando a luz solar direta nessas fachadas.
As vistas do exterior a partir dos espaços interiores são estratificadas e emolduradas, tanto pela forma das treliças quanto pelas simples janelas envidraçadas de alumínio, as plantas na varanda e a leve tela de malha de alumínio. Assim, os espaços de escritórios fornecem um santuário da agitação da cidade lá fora, mas filtram a cidade e o campus por meio de camadas de transparência. Os espaços interiores dos escritórios beneficiam da abundante luz e ventilação natural e uma simples paleta de brancos e cores de destaque com folhagens de plantas e árvores animam o espaço. O interior é dividido programaticamente em três espaços principais: o hall de entrada com o gabinete do presidente, uma seção intermediária com escritórios privados e salas de reuniões e uma seção traseira com cubículos de escritório abertos com vista para a cidade e o campo. As treliças do telhado são deixadas expostas em muitas áreas e uma claraboia ao longo do centro do telhado define um eixo que enfatiza o corredor de circulação principal.
Espaço intermediário: programaticamente, a ampliação foi necessária para funcionar em coesão com os escritórios do edifício existente. Eles precisavam ser distanciados visualmente e conceitualmente. As duas estruturas são conectadas por um elevador de vidro voltado para o campo, que oferece vistas do campus e do próprio campo esportivo à medida que se movimenta verticalmente pelo complexo de escritórios. O elevador de vidro também é um elemento que não apenas conecta os dois edifícios fisicamente, mas também permite que um usuário saia temporariamente dos edifícios, embora em uma caixa de vidro, e se reconecte aos escritórios. Esse ritual de ser transportado enquanto está no prédio, mas separado dele, enfatiza ainda mais a distinção entre o antigo e o novo. O terraço do antigo edifício torna-se um espaço intersticial que pode funcionar como espaço de eventos/esplanada-jardim. Esse espaço de transição atua como local de pausa, tanto visual quanto programaticamente, entre o antigo e o novo. O terraço tinha acesso pelos andares inferiores através de uma escada regular. Agora também recebe uma escada circular escultural que a conecta com a nova área acima. A colocação da expansão em relação à parte antiga gera uma condição em que partes do terraço estão abertas para o céu, enquanto outras são cobertas pelo espaço flutuante acima.
Várias respostas: A ampliação, embora pareça ser uma simples caixa de metal, tem várias camadas de complexidade entrelaçadas em sua própria materialidade. Ela responde à via arterial aparecendo como uma caixa de tela linear que é colocada paralelamente à estrada e é vista através da folhagem. Ele forma um portal de entrada para o campus. Também é experimentada como um pano de fundo para o campo de esportes e a pista, atuando como uma âncora visual para o campus. No geral, o novo espaço de escritório criado deu uma nova identidade e presença à organização, bem como criou uma sensação de portal de entrada para o campus. Os escritórios, com sua combinação de aposentos privados e mesas de trabalho abertas, se beneficiam muito das varandas externas que protegem os interiores das intempéries externas. Em suas diversas nuances e detalhes, o projeto aborda diversos parâmetros funcionais, contextuais e climáticos por meio de estratégias simples.
